Podemos não lembrar, mas quando éramos crianças e ainda não tínhamos noção do mundo, para nos proteger do desconhecido, nossa mente criava fantasmas, monstros assustadores e personagens do mal para nos deixar aterrorizados, a ponto de não conseguir dormir. Medo de abrir um armário ou de olhar em baixo da cama, ou de entrar em um cômodo escuro da casa, enfim, medo de ser atacado por uma assombração ou entidade espiritual durante a noite.
Esse terror insano e desproporcional só acabou (para a maioria de nós) quando um adulto nos mostrou que nossos fantasmas não existiam e que nunca ninguém foi ferido ou morto por nenhum tipo de ser fantástico (exceto na literatura e no cinema).
Infelizmente, por incrível que pareça ainda levamos alguma coisa de nossa fase de criança para a vida adulta, que são os nossos medos irracionais. Assim como ocorre com as crianças, nós também vivemos cercados de medos em que acreditamos, simplesmente por não termos ideia do que verdadeiramente são. Nós substituímos a nossa realidade por fantasias, conjecturas e especulações (o famoso “e se?”) e acabamos acreditando nelas como se fossem verdades absolutas.
E o pior, não existe um adulto próximo que nos ensine que não passam de divagações da nossa mente (na verdade existe sim, mas psicólogos e psiquiatras só são consultados quando o comportamento começa a prejudicar a pessoa).
Eu proponho aqui o seguinte: que você admite pra si mesmo que o seu fantasma talvez não seja exatamente do tamanho que você está achando que é! Se você se abrir para que a sua sabedoria interior flua, irá ver um caminho melhor para trabalhar com seus problemas.
Olhe bem, não estou menosprezando seus temores, alguns são legítimos: medo de morar em um local perigoso, medo de enfrentar um tratamento de saúde complicado, medo de acabar um relacionamento ruim, etc.
O que eu quero que enxergue é que nem sempre a gravidade do fato é o que você imagina. Nós seres humanos nascemos com um dom natural de conseguir sair de situações complicadas, ou dizia Jack Bauer, da série 24 horas: “Impossible Situation”. O ponto é que a pessoa vai postergando o inevitável por preguiça, medo ou mania de procrastinação até que não tenha mais tempo para adiar a decisão e as ações a serem feitas. Nesse estado a pessoa age por instinto, praticamente colocando a justificativa de suas ações irracionais na urgência e gravidade da situação.
Vamos ao combate?
Durante a manhã, com bastante calma, escreva uma lista de todos os seus maiores medos. À tarde (ou no próximo dia se for o caso), depois de tomar um cafezinho e relaxar leia cada linha desta lista, focando em cada um dos seus medos e considere a possibilidade de eles não serem tão reais assim quanto lhe parecem.
Para que isso funcione pense que essa lista pertence à outra pessoa e que você está tentando ajudá-la. Verifique a possibilidade de enxergar essa lista de outra forma.
Às vezes uma briga com mágoas e rancores que dura por décadas pode ser resolvida se um dos envolvidos engolir o orgulho e chamar a outra parte para uma cafezinho de paz e uma boa conversa para esclarecer os fatos.
Na dificuldade de ver uma saída, outra possibilidade seria de encontrar ou ler sobre pessoas que tiveram problemas semelhantes aos seus e conseguiram solucioná-los de forma coerente com a sua realidade. Absorva as práticas positivas e adapte à sua realidade.
Experimente, pratique, aja e seja uma pessoa corajosa.